Diz o povo que recebemos o que pagamos, mas no mundo dos clássicos isso nem sempre é verdade e há veículos que, ainda, são excelentes negócios.
Mas há que ser rápido, pois dentro de pouco tempo os preços vão começar a subir e será impossível pagar menos de 50 mil euros, por exemplo, por um BMW 850i.
O investimento em automóveis continua a ser rentável e por isso temos assistido a um galopante aumento de preços, com modelos como o Porsche 911 a atingir valores absolutamente irreais. As notícias de vendas multimilionárias surgem todos os dias, sendo casos de carros que estão ao alcance de poucos.
Olhando assim para estas notícias, os amantes de carros clássicos podem pensar que o seu “hobbie” está acabado. Não é verdade pois há por aí ainda muitos modelos bem interessantes que escapam ao radar e que ficam abaixo da fasquia dos 50 mil euros. O AUTOMONITOR oferece-lhe um Top 10 dos modelos que ainda se pode adquirir e com tendência a valorizar, sendo que alguns são raros e nunca foram vendidos em Portugal. Nada que um saltinho ao Reino Unido não resolva.
Peugeot 205 GTI
Muitos foram dizendo ao longo dos anos que o pequeno 205 GTI era mais valorizável que o Golf GTI, mas até agora, é mais fácil comprar um Peugeot que um Volkswagen e a preços bem mais interessantes. Por valores aceitáveis, é possível comprar um pedaço de história da industria automóvel, era onde nasceram os “desportivos de bolso” como este 205 GTI. As versões 1.6 litros são as mais difundidas, com o bloco 1.9 litros a ser mais raro. As peças não são abundantes e um carro mal tratado pode ser uma dor de cabeça. Porém, está a começar a valorizar.
Alfa Romeo GTV/GT Junior
Lindos de morrer, estes Alfa Romeo são a epítome do que é a marca italiana. Houve um pico de interesse nestes modelos, mas os preços estagnaram estando novamente em alta, com alguns a superar já, alegremente, a fasquia dos 50 mil euros. Há uma ampla escolha, mas começam a ser cada vez mais raros porque muitos acabam por perder a luta contra a ferrugem, o maior inimigo dos carros italianos desta época. Os modelos “Scalino” e os mais potentes GTV são os mais procurados. O Giulia pode ser uma boa opção cas não encontre um carro acessível e que tenha uma boa base. E temos de lhe dizer que encontrar um imaculado, não é nada fácil.
BMW 850
Depois do 635 CSi, a vida dos coupés da BMW foi sempre difícil. O enorme Série 8 tentou, jogando a cartada do conforto e dos motores nobres. Verdadeiro compendio tecnológico, o Série 8 era caro e opulento. O 850i tinha um V12 de 5.6 litros e caixa manual. Nos últimos anos, a sua raridade tem vindo a pressionar os preços e começa a ser complicado encontrar veículos em bom estado a preços simpáticos. Ainda mais raro e muito mais cara é a versão Alpina.
Saab 900 Turbo
O fim da marca sueca levou os preços de alguns modelos a subirem rapidamente e se veículos como o 96 V4 ou outros ainda mais antigos dispararam para valores quase obscenos, o 900 continua a ser um carro muito civilizado para uma utilização diária, mesmo tendo nascido nos anos 80 do século passado. A versão 900 Turbo é a mais procurada, não só pela raridade, mas também pela fiabilidade. O modelo existe em carroçaria fechada ou descapotável, sendo este o mais raro e caro.
Volvo P1800
Não sabemos por quanto mais tempo este P1800 continuará nesta lista de clássicos acessíveis. Elegante no fato desenhado pela casa de estilo Frua, este Volvo ficou famoso por ter sido usado no filme O Santo, protagonizado por Roger Moore. Infelizmente a carroçaria feita nas instalações italianas da Frua não é tão fiável como a mecânica sueca, pelo que um exemplar em perfeitas condições não é fácil de encontrar. E os preços também já começam a subir de forma vertiginosa.
Jaguar XJ-S
O “Big Cat” é um dos automóveis mais interessantes da indústria automóvel britânica. Embora durante anos tenha passado despercebido. Um interior opulento, um estilo muito interessante – principalmente a primeira geração – uma boa bagageira e um V12 que urla de uma forma quase sensual, fazem do XJ-S um carro apetecível. Mas terá de apressar-se para ter um, pois os modelos equipados com o V12 são raros e alguns perderam a batalha contra a corrosão. O modelo equipado com o seis cilindros em linha é menos apetecível, mas também mais barato. A cotação de ambos está a subir quase ao mesmo ritmo como o XJ-S V12 esvazia o depósito de gasolina… velozmente!
Maserati 3200
Não é um carro muito antigo, mas faz parte de uma época em que a digitalização ainda não era palavra de ordem e este Maserati é daqueles que ainda está acessível. Os faróis “boomerang”, o estilo fluído e o motor V8 biturbo são icónicos e fazem do 3200 GT um carro altamente colecionável. O interior não é lá grande coisa, mas isso era típico dos italianos dos anos 90 do século passado e faz parte do charme deste Maserati. O som do motor vai faze-lo esquecer isso e o preço, pois estes 3200 GT são raros entre nós e no estrangeiro já andam a rondar preços elevados.
Audi TT
A primeira série do TT não ficou conhecida pelas melhores razões, mas a Audi deu a volta ao assunto e acabaram por se vender um bom número de modelos. O carro desenhado por Peter Schreyer é um ícone em termos de estilo, mas o TT continua ainda barato e acessível. A qualidade de construção e a fiabilidade são um garante do investimento num TT da primeira geração. Procure uma unidade com historial de manutenção e não se preocupe tanto com os quilómetros. Ainda é um prá-clássico, mas o TT é um bom investimento, particularmente se conseguir deitar a mão a um TT V6 quattro. O potencial de valorização é imenso.
Mercedes SL (R129)
Os modelos SL da Mercedes sempre foram muito procurados, mas a maioria acabou por estagnar no modelo com o tejadilho concavo, conhecido como Pagoda. A verdade é que a família SL foi avançando no tempo e, hoje, o R129 ainda é acessível, embora a cotação esteja a subir em flecha. Produzido entre 1989 e 2001, há muitas versões para escolher, incluindo a SL73 AMG. Mas essa está já muito além do patamar de acessibilidade que estipulámos. Com sucede com todos os Mercedes das décadas de 80 e 90, o maior problema é a ferrugem e os guarda lamas e ilhargas traseiras são pontos que deve inspecionar com muito cuidado antes de comprar um destes belos Mercedes SL.
Lancia Delta Integrale “Deltona”
São carros cuja cotação está a subir em flecha, mas ainda se conseguem encontrar alguns abaixo dos 50 mil euros. A carroçaria quadrada, os alargamentos das cavas das rodas que escondem vias super largas, o motor 2 litros sobrealimentado com um vigor quase venenoso e uma tração integral hiper eficaz, fazem deste um carro absolutamente desejável. Se juntar a tudo isto o “pedigree” na competição, tem aqui um clássico de primeiro nível. A fiabilidade não é das suas maiores características e a ferrugem é sempre um problema nos carros italianos. Atenção, também, aos diferenciais e a cada vez maior escassez de peças. Se gostaria de ter um na sua coleção, apresse-se pois não há de tardar muito e um Deltona estará bem acima do patamar dos 50 mil euros.
Fonte: Automonitor