Com o aumento da procura por veículos mais sustentáveis, surge a necessidade de compreender qual o tipo de automóvel – elétrico, híbrido ou a combustão – contribui mais para as emissões de dióxido de carbono (CO2) ao longo do seu ciclo de vida. Um recente estudo conduzido pela consultora norte-americana Kearney em colaboração com as fabricantes de carros elétricos Rivian e Polestar examinou a pegada de carbono dos três modelos, revelando informações surpreendentes sobre as suas emissões.
Fase de Produção:
A análise do ciclo de vida dos automóveis divide-se em três fases: produção, utilização e fim de vida. Na fase de produção, verifica-se que os veículos elétricos apresentam uma desvantagem inicial em relação aos híbridos e aos carros a combustão. As emissões resultantes da produção de baterias para os elétricos são cerca de 40% mais elevadas do que para os híbridos ou carros a combustão. Isso é atribuído à extração, refinação de matérias-primas como lítio, cobalto e níquel, necessárias para as baterias, e ao processo de fabrico intensivo de energia dos elétricos.
Utilização:
Quando analisada a fase de utilização, o estudo utilizou a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para calcular as emissões associadas. As emissões de um carro a bateria durante a produção de eletricidade são cerca de 26 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e), enquanto um híbrido emite cerca de 12 milhões de tCO2e e um carro a combustão emite cerca de 13 milhões de tCO2e.
Contudo, o ponto crucial é que os elétricos têm uma vantagem significativa na fase de utilização em relação às emissões do tubo de escape. Os carros a combustão libertam até 65% do total de emissões do ciclo de vida através do tubo de escape. Enquanto os híbridos emitem 24 tCO2e durante 16 anos de utilização, os elétricos não têm emissões diretas provenientes deste componente.
Fim de Vida:
Na fase de fim de vida, são considerados os créditos de reciclagem, que são descontados das emissões totais. A reciclagem de materiais como alumínio, aço e vidro, bem como a reutilização de componentes, reduz significativamente as emissões. As baterias dos carros elétricos também são recolhidas e tratadas para armazenar energia ou serem recicladas. Nesta fase, os elétricos compensam duas toneladas de CO2e, enquanto híbridos e carros a combustão compensam apenas uma tonelada.
O estudo conclui que apesar das emissões mais altas na fase de produção, os carros elétricos ainda ultrapassam os carros a combustão no total de emissões libertadas ao longo do ciclo de vida. A pegada de carbono mais significativa dos automóveis a combustão vem das emissões do tubo de escape. A transição para carros elétricos, embora ainda com desafios na sua produção, é fundamental para a sustentabilidade ambiental no setor de transportes. Incentivos, regulamentações e investimentos em tecnologias limpas são recomendados para acelerar essa mudança fundamental.
Fonte: Eco Sapo